BRASIL
Novo Ensino Médio: mudanças não agradam comunidade escolar, diz pesquisa
Por Redação SDI
18/12/2023
Uma pesquisa recente realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revelou insatisfação significativa entre estudantes, professores e gestores com relação ao Novo Ensino Médio no Brasil.
A pesquisa, que entrevistou 2.400 indivíduos entre junho e outubro de 2023, incluiu professores, gestores e estudantes de escolas públicas estaduais que começaram a implementar o novo modelo em 2022.
Os resultados preliminares da pesquisa indicam que 56% dos estudantes, 76% dos professores e 66% dos gestores expressaram descontentamento com as mudanças introduzidas.
Apenas 40% dos estudantes, 17% dos professores e 26% dos gestores relataram satisfação com o Novo Ensino Médio, enquanto outros participantes estiveram ausentes ou não responderam.
Como funciona
O Novo Ensino Médio, implementado em 2022 e aprovado em 2017, tem sido objeto de intenso debate.
Parte do currículo é comum a todos os estudantes do país, conforme definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enquanto a outra parte permite que os alunos escolham um itinerário formativo específico.
As opções incluem áreas como:
- Linguagens
- Matemática
- Ciências da natureza
- Ciências humanas
- Ou ensino técnico
A pesquisa revelou uma desconexão entre os interesses dos alunos e a oferta das escolas.
Embora 86% dos estudantes tenham manifestado interesse na Formação Técnica e Profissional, somente 27% dos gestores relataram a oferta de disciplinas ou cursos nessa área.
Os desafios na implementação do novo modelo são variados. Para 74% dos gestores, a formação contínua de docentes e gestores é o maior obstáculo, seguida pela necessidade de adaptação da infraestrutura e obtenção de apoio técnico.
Por outro lado, 59% dos professores consideraram inadequada a formação recebida para implementar a BNCC, e 64% sentiram o mesmo em relação à formação para os itinerários formativos.
A coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, enfatizou a importância desses dados para aprimorar as políticas educacionais.
Segundo Otero, é crucial avaliar e adaptar o modelo para melhor atender às necessidades de estudantes, professores e gestores, considerando o impacto dessas mudanças em suas vidas e carreiras.
A Unesco pretende finalizar o relatório completo em janeiro de 2024, oferecendo subsídios para futuras decisões do Ministério da Educação (MEC) e dos estados brasileiros.