ORÇAMENTO DE 2023
Despesas com juros superam investimentos em Saúde, Educação e Assistência Social juntos
Por Redação SDI
As despesas com juros em 2023 no Brasil superaram os gastos combinados com Saúde, Educação e Assistência Social. Apenas os pagamentos aos aposentados e pensionistas ultrapassaram esse montante, segundo informações do governo Federal.
De acordo com dados do Ministério do Planejamento e Orçamento e do Banco Central, as despesas pagas pelo Ministério da Saúde totalizaram R$ 170,26 bilhões no ano passado, enquanto as dos Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social somaram R$ 142,57 bilhões e R$ 265,291 bilhões, respectivamente, totalizando R$ 578,13 bilhões.
Em contrapartida, os gastos com juros da dívida pública do Governo Central atingiram R$ 614,55 bilhões em 2023, um aumento em relação aos R$ 503 bilhões registrados em 2022.
Essas despesas ficaram atrás apenas dos gastos do Ministério da Previdência Social, que totalizaram R$ 861,6 bilhões no último ano.
O aumento das despesas com juros é uma preocupação, pois impacta diretamente a capacidade de pagamento do país, podendo levar a aumentos nas taxas de juros dos títulos públicos.
Para tentar controlar a dívida pública, o governo implementou novas regras fiscais, limitando o crescimento dos gastos e estabelecendo uma meta de déficit zero para este ano.
Endividamento do país
Ainda assim, críticas ao alto patamar da taxa de juros no Brasil têm sido frequentes. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, argumentou que a taxa é alta devido ao elevado nível de endividamento, e não o contrário, destacando que que a dívida alta resulta em juros altos.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, calculou que, se a taxa básica de juros estivesse em 10% ao ano, em vez dos 13,75% ao ano vigentes na época, a economia nos gastos com juros permitiria o pagamento anual de quase um Bolsa Família.
A ONU alerta que países em desenvolvimento enfrentam custos de empréstimos até oito vezes mais altos do que países desenvolvidos, o que classificou como uma “armadilha da dívida”.
Cerca de 40% dos países em desenvolvimento enfrentam “graves problemas de endividamento”, dificultando o financiamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A entidade defende reformas na arquitetura financeira global para aumentar o financiamento para o Desenvolvimento Sustentável.